quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Bahia e você

Vim pra Bahia tentar te esquecer
Mas tudo o que vejo me lembra você

Vim pra Bahia ver novidade
Mas tudo o que sinto é pura saudade

A Bahia me acolhe, abraça e balança
Me pega no colo e me faz de criança

Mas não muda em São Paulo
O tempo que chove
Onde em algum canto triste
Nosso amor morre

Vou dormir um pouquinho

Vou dormir um pouquinho
Sonhar bem devagarinho
Que a noite me carrega
Chega perto e me entrega
As estrelinhas lá de fora
Que não querem ir embora
Antes do dia clarear

Noites lentas

A noite está comprida
Embaçando o vidro da janela
Silenciosa, entre as ruas de areia,
Com preguiça de deixar o dia chegar

A noite aconteceu lentamente
Passou pouco a pouco
Pelos ponteiros do relógio
E as estrelas no céu

A noite, generosa, me abriga
Brinca comigo e me tapeia
Me diz coisas baixinho,
Com um carinho esquisito

A noite não me nina, mas me mima
E me deixa brincar
Do jeito que eu quiser

A noite me acolhe
Me estende seus braços
De amante proibido
E eu me jogo nesse abraço
E durmo neles até amanhecer

Poderias

Eu me perdi no caminho
Mas achei sozinho
Que poderia voltar

Eu me perdi de mim mesmo
Mas achei que à esmo
Poderia sonhar

Eu me perdi de você
Mas achei que talvez
Poderia encontrar

Eu me perdi no mundo
Mas achei que num segundo
Poderias me amar

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os outros são os outros

O contato com a solidão dos outros
Com a solidão do mundo
Não faz da minha solidão, menor
Não faz do que sinto, pequeno
O que sinto, só eu sinto e sei
Que só eu sei que ninguém mais sabe
Nem poderia saber
Que dói
Como dói
Sem ter como nem porquê
Só dói
E sem saber
Eu sinto que não é certo
E incerto que seja
Vou combater o sofrer
Vou procurar o calor
Dos seres que não são como eu
Que sabem o quanto dói
Mas que o sentem sem doer

28 dias

Ai, me deixa, vai
Não quero mais brincar
Ainda é cedo pra acordar
Ainda mais que nem dormi
Me deixa quieta por favor
Não me satisfaz o torpor
Dos corpos que mal conheço
Me deixa, mas fique aqui
Porque meus pés são frios
E meus olhos viram rios
Quando você não está
Me deixe, mas não me esqueça
Me queira, mas não me peça
Que eu seja apenas tua
Porque sou como a lua
E nunca estou igual
Todos os dias

domingo, 17 de janeiro de 2010

Por favor

Ai, não quero mais brincar
Não quero mais quebrar
Não quero mais querer
Não quero mais saber
Se posso ou se não posso
Se volto ou me revolto
Por saber não ter poder
O que eu sei é que não sei
Se o que me é certo deu errado
E não importa estar ao lado
Do que não importa mais
Então perdoe e desista
Vá embora, não insista
Se nem eu posso entender
Como você há de querer?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Assim é

Como me irrita
Não saber de você
Não saber o por quê
Das coisas serem
Como são

Como me custa
VOCÊ não saber
Você não querer
As coisas assim
Como são

Como me fere
Matar um amor
Destilar a dor
Das coisas que não podem ser
Como são

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ricardo vai nadar

Calor grudendo
É tarde
O vizinho bate a porta
Vai nadar
E eu me afogo

sábado, 9 de janeiro de 2010

Causa e efeito

Te corto da minha vida
Como quem corta a própria pele
Não quero
Você tatuado em mim
Não quero nada
Que me lembre você
Lembrando de mim
Só quero dormir
E acordar amanhã
Muito tempo depois
Quando você for apenas
Uma história tola
Remédio ruim
Que já fez efeito

Não, agora

Esqueci o caderno
A conta, o conto
Esqueci o relógio
E a hora certa
Ficou mais errada
Que nunca
Esqueci que era
Era assim antes
E não é mais agora
Esqueci de fazer
Aquilo que eu precisava

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Madrugada ri

Madrugada, zomba de mim
Zomba, pode zombar
Te devoro
Mesmo assim

Adeus

Eu disse adeus
Velado, baixinho
Para que ninguém mais
Além de mim ouvisse
Disse adeus
Como quem parte
Querendo ficar
Disse adeus
Como quem mente
Que seria mesmo melhor ir
Disse adeus como quem sabe
Que esse é o único jeito
De te tirar de mim

Porém

As ambiguidades me perseguem
Nunca as coisas têm um lado só
Existe alguém que goste mais de um porém?
Eu não sei
O que sei, esqueço
E me aborreço
Por pensar demais
E me entristeço
Por pesar demais

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dói

O sentimento dói
ao sair de mim
Quero esquecer
Preciso, consigo
Mas dói ao sair de mim

Respeito

Não me permito mais
A vida pela metade
Não aceito mais
Migalhas de um amor
Não perdoo mais
Quem não merece ser perdoado
Não acredito mais
Nas coisas que nunca mudam
Não vou viver mais
Em função dos outros
Em função dos tempos
Dos chefes, momentos
Eu respeito o tempo
Mas ele tem que me respeitar também

Surpresa

A surpresa não foi saber que existe dor,
mas saber que existe alegria apesar dela.