sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tudo ou nada

Não há nada no céu
Mas há o azul do céu
Não há nada em meu peito
Mas ele bate
Tic tac oco
Tic tac alucinado
Meus pés flutuam
Minha cabeça voa
Não há nada lá fora
E ainda assim é assustador
Não há nada passando
E ainda assim o tempo passa
Me leva então
Deixo que me leve
Me agarro ao que tenho
E lembro que não tenho nada

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dorzinha

Ah, dorzinha maldita
Lacuna que não fecha
Saudade que me aperta
Faz meu peito doer
E minha garganta secar

Ah, distância e espaço
Que te carrega pra longe
Que te afasta de mim
Mesmo que você ainda
esteja assim tão presente

Não quero mais pensar assim
Não te quero fugindo de mim
Se não posso te ter perto
Quero ao menos fazer o certo

Quero te dizer o que sinto
Quero que saiba que não minto
E que você me faz falta
E que sem você não adianta
A dorzinha continua

Carnaval

Eu ainda não tenho o enredo
Mas tenho o ritmo
Não tenho certeza
Mas tenho vontade
E essa vontade cresce

Não entendi ainda a maré que sobe
Maré que sobe e desce
Que muda de acordo com a lua
Tudo parece fazer sentido
Mas qual é a lógica?

Então eu páro de procurar
Essa lógica que não tem que ser
Que só está ali e tal
Mas e daí?
Só quero ouvir e sentir
As aventuras dessa música
As emoções que ela me traz

Se o samba é feito de dor
Se o rock é feito de suor
Não quero nem saber
Quero dançar um bolero
E ouvir com a melodia
Apenas as batidas do seu coração

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cirurgião

Ah peixinho azul de cara doce
quem não te conhece que te compre
quem não vê o teu perigo que se atreva
que te tire do sério à toa pra ver o que acontece

Peixe que corta e tem humor cortante
Lâmina de dois gumes afiados e pontundos
Um jeito certeiro de cortar só porque pode
Um jeito maneiro que disfarça só porque quer
Ou porque não quer mostrar que é bom

Então, peixe de memória ruim,
Lembre-se que a vida passa ligeira
Rápida e certeira como tua lâmina
Presta atenção em volta,
Veja os sorrisos dos budiões
Despreze o mal humor raro do mero
Olhe o coral mais de perto,
Mas cuidado que ele às vezes queima